Friday, November 11, 2005

Contra-Cultura à brasileira


É possível perceber através dos últimos trabalhos , interessantes respostas dadas pelas sociedades à fatos que as incomodavam. Os anos 60/70 se destacaram pela violência dos estados na resolução de seus problemas mas também pela criatividade e inteligência daqueles que se opuseram a tanta força. Nesse sentido as guerras de contra a descolonização empreendidas pela Françaderam origem no campo social, ao contraponto articulado pela intelectualidade e pelos estudantes. foi o conhecido movimento de 1968 que tomou de assalto as ruas de Paris e levou jovens do mundo inteiro à reflexão, mesmo que por um minuto.
Nos E.U.A. a cultura encontrou sua válvula de escape em uma das instituições mais tradicionais da república, a liberdade de expressão que permitiu o crescimento do movimento hippie e de seus simbolos como Jimmi Hendrix. A sociedade borbulhava no país consumido pela guerra do Vietnã.
Não fosse pelo fechado regime político, talvez a URSStivesse testemunhado agitação semelhante.
Entretanto no Brasil a rigidez do regime não foi capaz de deter a produção cultural reflexiva que protestava. pelo contrário o estado a medida que se tornava autoritário gerava mais revolta e logo inspiração para os músicosda época. Se nos EUA pedia-se paz na política externa nossos conterrâneos queriam liberdade.
Nesse contexto nossa "contra-cultura"se enriqueceu com o fechamento do regime. O espetáculo Roda Viva foi fechado e em contra-partida tivemos Geraldo Vandré, o próprio Chico Buarque e os tropicalistas como exemplo daqueles que encheram as mesas dos departamentos de censura que por vezes foram incapazes de perceber a inteligência das críticas escritas nas entrelinhas. Caetano Veloso com seu cabelo e roupas incomuns desafia o estado e os valores da sociedade através de sua coragem de ser feio, diferente.
Diversas foram as formas de críticar a sociedade amendrontada e moralista bem como as de cuspir a cachça de graça que todos foram obrigados a engolir. Portanto de todos os males pelo menos um legado do qual nós podemos nos orgulhar. Afinal nossa "contra-cultura" está em niveis elevados de qualidade sendo ouvida e apreciada por todo o mundo até os dias de hoje. Que não se perca nem seja esquecida.

4 Comments:

Blogger Nirton Venancio said...

Cheguei aqui pelo recado na página da Ângela, no Orkut. Parabéns pelo blog. Voltarei sempre.

10:37 PM  
Blogger Manoela said...

Pedro,

Seu post me fez lembrar um professor do pH que gostava de comentar o quanto a chamada música brega também foi perseguida pela censura. Aqui, entretanto, um contexto diferente. Eram canções que pregavam a "libertinagem" (Sidney Magal), a pílula (Odair José), o homossexualismo (Agnaldo Timóteo). Difícil dizer se eles eram realmente piores do que o Vandré - a canção dele pode ser importante, mas, musicalmente, é tenebrosa.

De fato, a contracultura brasileira foi uma grande surpresa. É impressionante como Tom Zé ou os Mutantes foram/são cultuados no exterior. O "Technicolor", do trio de Arnaldo Baptista, é disputado a tapa por muita gente boa lá fora...

E pensar que hoje a grande força de protesto nacional (cof, cof) atende pelo nome de Chorão... triste, triste.

3:38 AM  
Blogger Camila Pontual said...

É inegável que alguma coisa boa herdamos desse triste período da história brasileira. A cultura produzida na época se mostrou inventiva, criativa e inteligente. A rebeldia se deu de maneira contundente - não achei palavra melhor-, mas é interessante ressaltar que essa cultura -Chico, Caetano, Mutantes, Glauber Rocha - só foram reconhecidas como excelentes anos depois. A vaia à belíssima canção Sabiá mostra que às vezes a cultura está à frente de seu tempo. Caetano só foi conhecido pela grande massa quando voltou de Londres, e até hoje não é um cantor popular. Os cantores populares da época como Odair José, Fernando Lelis também sofreram com a censura. O interessante lembrar que o próprio Chico nunca entendeu por que sua peça Roda Viva foi censurada, afinal esse fato que desencadeou várias manifestações na ditadura e se tornou um símbolo da arbitrariedade tratava da futilidade, da farsa do meio musical e não de política. Os Bregas foram esquecidos -por um erro da história musical brasileira-, enquanto outros que inegavelmente produziam músicas de protestos e foram exilados tiveram seus trabalhos merecidamente reconhecidos. É preciso corrigir esse erro de achar que a inventividade dessa época se restringia a Chico, Caetano, Betânia, Mutantes entre outros na música e Glauber Rocha no cinema, falta o papel do cinema marginal de Rogério Sganzerla, as músicas de Fernando Lelis entre tantos outros não lembrados.

5:14 PM  
Blogger Anna Carol said...

Finalmente o Pedro conseguiu citar sua banda do coração no nosso blog!
Adorei o post, era o paralelo que estava faltando. Parabéns!
Creio que em momentos difíceis a imaginação tem que trabalhar bem mais. Concordam?

10:22 PM  

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