Tuesday, November 08, 2005

The Flower Power - Woodstock, 69

A morte do presidente Kennedy, em 1963, alardeou a nação mais poderosa do mundo, principalmente seus adversários políticos, sendo transformado em um mito: “o mártir da liberdade”.Contudo, esse havia deixado muitas questões pendentes para o seu vice, Johnson. O envolvimento no Vietnã foi, sem sombra de dúvidas, o pior martírio do novo presidente.

Em 1964, os EUA já estavam totalmente imersos na Guerra que só terminaria oitos anos depois. A vida de milhões de jovens e uma soma astronômica foram os custos desse conflito, que despertou os cidadãos do “american dream” para os horrores da Indochina. A opinião pública encontrava-se dividida entre os mais radicais, que viam a solução nas “modestas” bombas atômicas, e os pacifistas que defendiam a reunificação do Vietnã sob a liderança de Ho Chi Minh.

O movimento de contestação causou uma divisão interna. Desde um campeão de boxe rasgando sua convocação militar até Martin Luther King e sua “marcha pela paz”. Os conflitos raciais, paralelamente, faziam parte desses “verões quentes”: estudantes universitários, negros de todo o país e Luther King foram mortos em meio a esse turbilhão. Enquanto isso, a escalada da guerra estava aumentando frente aos olhos dos telespectadores.

Nesse contexto, surgiu um movimento contra as atrocidades cometidas no Vietnã, contra a alienação da classe média americana, a sociedade massificada e a solidão do indivíduo na metrópole; eram os hippies. Esses jovens pregadores do sex, drugs & Rock n´Roll; mas antes de tudo, contestadores do sistema vigente, mostraram ao mundo sua cultura flower power durante o Woodstock, agosto de 69, um mês depois de Armstrong pisar na Lua.

A “Primeira Exposição Aquariana”, chamada oficialmente de Feira de Artes e Música de Woodstock, reuniu grandes nomes como Jimi Hendrix, The Who, Santana, Joe Cocker e Janis Joplin em uma fazenda nos arredores de Nova Iorque. Representou a consagração da filosofia hippie, pregadores da liberdade, solidariedade, paz e amor. A comunidade invadiu o evento, aos milhares, sem pagar ingresso; chocando aos mais conservadores durante três dias. Cerca de 450 mil pessoas conviveram pacificamente: rolaram pelo gramado, andaram nus, dançaram, cantaram, usaram drogas; mobilizando boa parte da mídia mundial, que noticiou três mortes e três nascimentos. O mundo pôde atestar a amplitude do movimento que tomava conta dos EUA com sua filosofia pacifista.

Um dos momentos mais emocionantes do festival foi quando, no dia 18 de agosto, sob um belo sol alaranjado, Jimi Hendrix subiu ao palco com uma versão do hino nacional dos EUA, "The Star Spangled Banner", tirando de sua guitarra sons que representavam explosões de bombas, granadas, rajadas de metralhadoras e roncos de helicópteros, fazendo menção clara à Guerra do Vietnã.

Após o estrondoso evento de 69, os “hippies” de outros tempos, tentaram outros festivais. Em 1994 um festival foi realizado em Saugerties, NY; e cinco anos mais tarde, outro em Bethel, NY. Mas falta aos filhos dessa geração a atmosfera da Era de Aquário, apesar da presença de situações contestáveis como, o que muitos autores denominam, para além das controvérsias, de o “Vietnã II”...

Abaixo, a parte mais interessante do Post: =)

Power To Love (Jimi Hendrix- Isle of Wight´70):

Shoot down some of those airplanes you've been driving,
especially the ones that fly too low.
Shoot down some of those airplanes you've been driving,
especially the ones that fly you too low.
Come on back to earth, my friend,
come on back'up with me.
We all been thru the nite time, babe.
Now let's reap the waves of reality.
With the power of soul anything is possible.
With the power of soul anything is possible.
Playing too much with one toy tends to lead
into the foggy.
It's so groovy to float around, sometimes even
a jellyfish will agree to that.
I said flotation is groovy and easy,
even a jellyfish will agree to that.
Yeah, but old jelly's been floatin' so long
and so slack, lord, ain't no kinda bone in his jelly back.
Floatin' ev'ry day and ev'ry night is a risk, sometimes
the wind ain't right!

2 Comments:

Blogger Manoela said...

Mais uma vez, vemos uma sociedade apostar na válvula do escape. Como eu também pretendo mostrar no meu post sobre o Teatro do Absurdo (ainda neste fim de semana), é impressionante como, após 1945, sofisticaram-se os meios de contestação. Simplesmente, o apelo à incongruência, à libertação e às drogas tornou-se uma constante, tornando a reação eminentemente apolítica. Era Sartre, era Timothy Leary, era John Lennon, era uma confusão de gostos e de idéias.

Tenho para mim, aliás, que foi esta justamente a causa do esmorecimento da contracultura. Se formos pensar, os principais artistas daquela época morreram ou têm seqüelas até hoje de suas juventudes desregradas. Valia-lhes, ao menos, em comparação com esta nossa geração, alguma autenticidade, no que tange a realmente acreditar naquilo diz.

Talvez tenha sido sempre assim, todos dizendo serem aquilo que não são para aproveitar as vantagens - "se eu for hippie e defender a paz, tenho toda uma revolução sexual para me favorecer". Mas acho que não. Concordo com Gustavo, esta "esperteza" de se envolver em movimento de paz à tarde e envolver-se em briga de boate à noite é típica das duas últimas e apáticas décadas. É preciso estar na moda, é preciso apoiar o "sim", é preciso vestir a camisa do câncer de mama e é preciso defender o Greenpeace, ainda que não se saiba a fundo sobre nada disso e, pior, que não se seja pró-ativo para além de um discurso ou de uma passada de cartão de crédito.

Agora, há solução? Não sei. Antes de criticar, eu deveria pensar o que eu estou fazendo. Vale a máxima do "estou fazendo a minha parte"? Mas eu estou? Quantos de nós se submeteriam ao trabalho de campo numa operação de paz; a comparecer à ALERJ e, ignorando sua orientação política, efetuar cobranças múltiplas; a tentar convencer alguém de que a ética não é uma instituição falida; a ensinar em um cursinho comunitário? Não sei quanto a vocês, mas minha consciência anda crescentemente pesada...

Revolution - The Beatles
(from "The Beatles"/White Album)

You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right

You say you got a real solution
Well, you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well, you know
We're doing what we can
But when you want money
for people with minds that hate
All I can tell is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
Ah

ah, ah, ah, ah, ah...

You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You better free you mind instead
But if you go carrying pictures of chairman Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
all right, all right, all right
all right, all right, all right

9:18 AM  
Blogger Anna Carol said...

Ao ler o comentário da Manu lembrei-me de uma entrevista que vi outra dia, que infelizmente não vou poder dar o crédito porque me falha a memória. O assunto era a falta de perspectiva para o jovem de hoje. Dizia que o jovem não tem passado, porque seus pais fazem questão de dizer que infância boa foi a deles; também não tem futuro, porque o mercado de trabalho fica cada vez mais competitivo e restrito, e a degradação do meio-ambiente está chegando ao limite (whatever that is). O que resta? O hoje, o momento. Jovens sem identidade, filhos da propaganda e de pais decepcionados (os mesmos que participaram dos festivais, estiveram presentes em 1968 em Paris, ou, no nosso caso mais próximo, se engajaram de alguma forma contra a ditadura), num mundo em que tudo é permitido. Ninguém se choca com nada, drogas, sexo casual, nenhum estilo de música. O que seria então o propulsor dessa mobilização??

Queridos colegas, espero que não identifiquem em meu post, um discurso moralista, longe disso, é apenas uma teoria para tentar entender porque até mesmo nós, jovens que nos julgamos minimamente bem-informados, ficamos só no discurso.

9:30 PM  

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