Saturday, November 26, 2005

“Creo que he visto una luz al otro lado del río”













"Este não é um relato de feitos heróicos. É um fragmento de duas vidas que percorreram juntas um caminho, compartilhando as mesmas aspirações e os mesmos sonhos. Será que nossa visão foi estreita demais, parcial demais? Nossas conclusões foram rígidas demais? Talvez. Mas esse vagar sem rumo por nossa América colossal me transformou mais do que pensava. Não sou mais o mesmo. Pelo menos, não sou mais o mesmo por dentro". – Ernesto Che Guevara, De Moto Pela América do Sul: Diário de Viagem.

Uma viagem que viria a mudar o curso de uma vida. Em 1951, dois amigos realizam uma aventura há muito planejada: uma viagem de moto, percorrendo 8.000km da América Latina. Ernesto Che Guevara, estudante de medicina, e Alberto Granado, biólogo, partem da Argentina com destino à Venezuela. Durante sua viagem de quase 8 meses, conhecendo índios e camponeses, tratando de leprosos, vendo as desigualdades presentes por todos os lados, os rapazes se impressionam com o antagonismo que há no continente: lugares belíssimos com paisagens maravilhosas rodeados por injustiça, pobreza e fome.

Ultrapassando a fronteira entre Argentina e Chile, os viajantes seguem o caminho rumo ao deserto de Atacama. Conhecem um casal de camponeses expulso por um latifundiário e perseguido pela polícia por ser comunista. Che e Alberto ficam emocionados e chocados com a dura e triste história de vida relatada pelo casal. Segundo Che, aquela foi a noite mais fria de sua vida. Noite em que esteve próximo de pessoas que retratavam angústia e desesperança; rostos nos quais as cicatrizes que a vida causou eram mais agudas do que em qualquer outro. Naquele momento, Che se sentiu mais próximo da raça humana, a qual ele não entendia. Tanta injustiça... Mas apenas uma pequena parte da qual ainda havia de conhecer. No dia seguinte, os amigos acompanham os camponeses à mina, onde estes procurariam emprego. Lá, se impressionam com as condições dos trabalhadores: estavam exaustos e com sede. Por que não os davam água?

Seguindo com a viagem, visitam Machu Pichu, no Peru. As ruínas da cidade construída pela civilização Inca, com seus belos monumentos, intrigam os rapazes. Os incas eram o povo mais civilizado da América. Possuíam vasto conhecimento sobre a astronomia, medicina e matemática. Conhecimentos que foram vencidos pela pólvora que destruiu toda a civilização. Vale realmente a pena matar todo um povo, matando junto sua cultura e seus conhecimentos por metais preciosos? Isso é o que chamam de progresso? Será que a América seria diferente, mais justa, se as coisas não tivessem tido esse rumo?

Próxima parada: Colômbia. Lá, trabalham como voluntários numa clínica que cuida de leprosos em San Pablo. Lugar cortado pelo Rio Amazonas que divide o território entre funcionários e doentes. Devo fazer uma menção agora de uma música que faz parte da trilha sonora do filme, “Al outro lado del rio” de Jorge Drexler, belíssima canção que ganhou o Oscar de “Melhor Canção”. Como sua letra diz: “Creo que he visto una luz al otro lado del río”, foi exatamente assim que Che se sentiu. Envolveu-se muito com os doentes, sendo um dos primeiros médicos a tocar num leproso sem luvas. Viu naquelas faces alegria com sua presença, apesar da doença que as dominava. Levou carinho, otimismo e entusiasmo para pessoas que se mostravam indignadas com a vida. Revoltou-se com a divisão que havia entre sãos e doentes, afinal, porque existia essa divisão se não possuíam lepra contaminável? Até nessas pequenas coisas, a desigualdade e a exclusão estavam presentes. Do outro lado do rio, fez amigos e se sentiu em casa. Do outro lado do rio, conheceu pessoas as quais nunca mais ia esquecer.

Chegando em seu destino final na Venezuela, onde seu amigo Alberto ficou para fazer uma residência, Che partiu de volta para a Argentina com muitas idéias e incertezas na cabeça. Tantas coisas injustas que havia visto nessa viagem. Coisas que mudaram completamente seu modo de pensar e que foram importantes para definir suas crenças políticas. Voltou para seu país e terminou a faculdade de medicina a fim de poder ajudar mais pessoas. Lutou por seus ideais, foi uma das pessoas mais inspiradoras e um dos responsáveis pela Revolução Cubana. Morreu lutando por aquilo que acreditava em 1967 na Bolívia.

Essa viagem que seria a princípio apenas uma aventura mudou o curso de vida do jovem Che Guevara. Com as experiências e relatos de vidas obtidas nela, com tanta injustiça e desigualdade que presenciou, Che sentiu necessidade de fazer algo para ajudar a mudar esse mundo no qual o imperialismo domina. Uma frase que me chamou atenção e que se encontra no cartaz do filme, “Deixe o mundo lhe mudar para que você possa mudar o mundo”, caracteriza bem o ocorrido com Ernesto Che Guevara.

** Recomendo a todos que assistam “Diários de Motocicleta”. Filme muito envolvente com uma fotografia linda que foi até indicada ao Oscar. Além do mais, a trilha sonora é belíssima e comovente, na qual faz parte a música que mencionei acima, “Al outro lado del rio”. O filme retrata com realidade momentos vividos pelos amigos na viagem. Uma parte que me emocionou bastante foi no final do filme, onde a última cena é a de Alberto assistindo o avião em que seu amigo estava, partindo. Logo após, o verdadeiro Alberto Granado, que ainda estava vivo no momento das filmagens, reconstitui essa mesma cena. Destaque também para as imagens, em preto e branco, mostradas no final do filme, as quais retratam a enorme pobreza que os viajantes haviam presenciado, com uma música lindíssima ao fundo. Filme que vale a pena ser assistido, não há como não se emocionar.

Fotos verdadeiras da viagem que achei na internet:

5 Comments:

Blogger Camila Pontual said...

Concordo com a Manu, o filme é belo principalmnete pela fotografia. A história, a aventura dos dois amigos foi diminuda pela dimensão medíocre mostrada no filme. Apesar disso tem uma bela fotografia ( o que não poderia ser diferente com o mestre Walter Carvalho). Mas enfim, a viagem de Che e Granado foi muito interessante e, provavelmente, inestimavel para o despertar da consciêcia dos dois. Acho que o filme peca em não abordar o fato que uma viagem foi capaz de mudar tão fortemente um homem a ponto de mudar um país, afinal Cuba sem Che e a revolução o romantismo de uma época sem Che não seria o mesmo. O aspecto psicológico que uma simples aventura na consciência humana aliado com um romantismo da época.
Che se torna héroi, o peso dele na cabeça dos cubanos é impressionante, há diversos murais na ilha exaltando suas atitudes, suas ações. A música cubana e pos filmes sempre faleam do "el grande comandante, el amigo Che" (desculpem meu péssimo espanhol, mas isso é uma música cubana). O aspecto psicológico, talvez o mais interesante, mas isso é minha opinião tenh ficado relegado à segundo plano diante da magnitude dos eventos. É claro que os ideias de Che foram corrompidos, é claro que eles apresentavam um idealismo, um romantismo um tanto dificil de seguir unum contexto tão mais complexo que naquele tempo. Mas é engraçado e triste pensar que até me Cuba se compra camisetas de Che, a popmania para desvirtuou o idealismo de Che.

11:25 PM  
Blogger Camila Pontual said...

Primeiro, quero explicar que não sou contra a popmania, só acho que vestir uma camisa do che é, muitas vezes, acompanhada por esquerdismo bobo, uma idéia vaga do que ele foi, e o que representa. Mas assim como Warhol usou simbolos na sua artpop acho q o uso da imagem, nao do idealismo, mas da imagem vazia pelo pop é válido, acho que é um "puritismo" achar que isso não se pode. Ou seja, não sou contra se usar camisas do Che, desde que o usuário se tenha noçao que aquilo é um simbolo, nada mais do que isso, não tenha ao usar a a pretensão usar a camisa e, por conta disso, ser um revolucionário. Pq ser um revolucionário é mt mais q isso.
Francine,
já fui pra Cuba. É a situação é realmente muito precária, além do fato que a repressão é muito grande ( ser homossexual é proibido,ter pequeno comércio tbm). A miséria é tão grande que a prostituição, as drogas são muitas, além da corrupção. Quando punidas, o que é raro pela certa "aceitação", a pena são absurdas, podendo levar a morte. É claro que a educaçao é ótima, a saúde tbm, e a situação economica da ilha era muita boa antes do colapso da URSS, mas acredito que um povo não pode viver com medo. Mas é importante lembrar que o prestigio de Fidel está cada vez menor na ilha, no dia que cheguei tinha acabado de ocorrer atentados contra estrangeiros para desestabilizar o regime, pois matar o Fiderl é impossível.

8:26 PM  
Blogger Anna Carol said...

Francine,

Quanto à sua pergunta, não sei bem se todos os idealistas morrem lutando por eles. Mas foi o desejo de lutar que motivou-o a sair de Cuba. E é justamente por isso que o admiro. Che foi, no mínimo, uma pessoa coerente. Não traiu seus ideais. Não ficou para "institucionalizar a revolução". Você disse que a revolução foi bem-sucedida em Cuba. Será que essa era realmente a revolução que ele tinha em mente? Sair de Cuba foi novamente abandonar uma situação onde ele teria bem-estar garantido, assim como fez quando saiu da Argentina, e acabou morrendo no meio do nada.

Tiago,

Acho que concordo com você. Mas realmente recomendo que você veja o filme. Talvez pela minha ignorância sobre a trajetória dele, gostei muito do mesmo. De qualquer modo, uma oportunidade de ver o Gael em cena é sempre válida.

Ah, lembrei da cena do filme em que o menininho diz que quem fez uma parte do muro foram os incas, e a outra foram os incapazes. É mais ou menos isso, muito bom mesmo..

2:32 PM  
Blogger Camila Pontual said...

Concordo com o Daniel, ninguém tem o direito de impor sua visão, seu modo de viver sobre os outros.E é isso que fez Batista e faz Fidel. Ambos são regimes ditatoriais que tem no desrespeito aos direitos humanos uma regra.
Francine, a situação em Cuba é realmente muito complicada e triste. Mas ela só vai mudar com a morte de Fidel. E acredito que ler Pedro Juan Guiterrez é uma excelente forma de entender a ilha e os cubanos.. alias o autor que é lido no mundo todo, e é considerado um best seller é proibido na ilha apesar de viver na ilha. Isso por que, ele aceitou não fazer comentários políticos em Cuba e o fato dele ter bastante dólares contribuiu em muito na sua permanencia. Em Cuba, dizem que os tempos atuais são muito parecidos com os do Batista, afinal, as drogas e a protituição já voltaram só falta a máfia americana com os cassinos.
Recomendo que vejam o filme "Antes do Anoitecer", um filme lindo sobre a trajetória de um grande poeta cubano que apoia a revoluçao, mas logo em seguida é por ela perseguido e torturado( a cena dele na cadeia é simplesmente chocante) por ser homossexual. Essa história é verdadeira... o final do filme não vou contar, mas vale muito a pena ver e depois ler seus poemas.

8:39 AM  
Blogger alibeysikişir said...

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