Friday, October 28, 2005

Papel da Democracia!? Quiet American - Graham Greene


“Esta é a época patente de novas invenções
Para matar os corpos e salvar as almas,
Tudo propagado com a melhor das intenções.”
Byron

Início da década de 50. Documento CSN 68 conclui que o equilíbrio global encontra-se em risco na Indochina: “... qualquer extensão substancial adicional da área sob o domínio de Kremlin daria lugar à possibilidade de que nenhuma coalizão adequada para enfrentar o Kremlin com força maior poderia ser reunida”. Sob a liderança de Ho Chi Minh, do Partido Comunista, vietnamitas lutam contra a presença colonial francesa no país. Comandados pelo General Vo Nguyem Giap, vietnamitas cercam o inimigo em Dien Bien Phu (fortificação francesa) em 1954 e as tropas francesas são vencidas. Sob pressão dos EUA, o Vietnã é dividido em Vietnã do Norte (capital Hanói, socialista) e Vietnã do Sul (capital Saigon, capitalista) e o conflito se acirra. É nesse contexto, em Saigon, que as histórias de Thomas Fowler, Alden Pyle e Phuong se cruzam.

Thomas Fowler é um jornalista inglês. Um homem que foi para o Vietnã para acompanhar o conflito de perto, mas principalmente, para fugir de sua vida na Inglaterra. Apesar de ser europeu e estar escrevendo para pessoas interessadas na vitória francesa, ele insiste em sua neutralidade. Contenta-se com as suas reportagens, com a companhia de sua amante e seu ópio até conhecer Alden Pyle. Percebe então o quão difícil é não tomar partido quando se está no meio da guerra. Pyle é um sonhador norte-americano, que durante boa parte na narrativa, se mostra misteriosamente leal e até mesmo ingênuo. O papel do Ocidente de York Harding é o livro que o acompanha em sua missão no país. Pyle se apaixona por Phuong, a amante de Fowler, e é interessante como lidam com a questão da amizade em uma situação delicada como essa. Fowler é um homem mais velho e vê em Phuong uma companhia para a sua última década de vida. Pyle, jovem, sonha em se casar com ela e levá-la para a América. Contudo, as divergências entre os dois só se tornam graves no que diz respeito ao futuro do Vietnã.

A obra de Greene é um tanto amarga como seria qualquer história em meio a uma guerra. Quando se começa a ler, percebemos que ela foi escrita por alguém que realmente esteve naquele cenário. (De fato, Greene viveu em Saigon entre 1952 e 1957, como correspondente estrangeiro do jornal The Times). O calor, a tensão, a vulnerabilidade dos personagens, tudo é tratado de maneira muito pessoal e envolvente. Até mesmo Fowler, o inglês experiente e egocêntrico, aparentemente inabalável, sensibiliza-se diante das atrocidades que presencia ao ir para o Norte. Lá, ele se depara com aldeias destruídas, famílias inteiras mortas e se pergunta o porquê de tamanha crueldade. Os comunistas fariam aquilo? Que interesse eles teriam em atacar civis? Teria sido obra dos franceses! Mas a censura não permite que tal coisa seja publicada. Os conflitos internos aumentam, quando precisam, ele e Pyle, passar a noite em uma tôrre. Dois soldados muito jovens e assustados o recebem. Mais uma juventude ocultada pela guerra, pensa Fowler.

O aspecto político de Quiet American destaca-se com o debate a respeito da liberdade. No início dos anos 50, os americanos já haviam começado a se envolver. A presença de Pyle, como agente da OSS (hoje CIA), com todas as suas idéias de democracia demonstra bem isso. Acreditava na Terceira Força, que não seria nem o colonialismo francês e nem o comunismo dos Vietmihn. A Terceira força era a democracia. Mas que liberdade ela traria ao povo vietnamita? Estariam os camponeses, ao chegarem aos seus barracos, interessados em liberdades políticas e civis? Na existência dessa liberdade, os vietnamitas não votariam no comunismo pelo qual lutavam? Quanta hipocrisia! Mas temos que concordar com o autor predileto de Pyle, York, quando diz que “os bons administradores que tornam difícil mudar o sistema”. Realmente muito difícil não tomar partido.

Thursday, October 27, 2005

UMA DAS HISTÓRIAS DO HOLOCAUSTO - RESENHA DO LIVRO "O DIÁRIO DE ANNE FRANK"

“Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda” -AMSTERDÃ, 12 DE JUNHO DE 1942.

Em seu aniversário de 13 anos, Anneliese Marie Frank ganha um diário. Como qualquer adolescente, Anne lida com questões existenciais e de natureza muito pessoal, sendo o diário ideal para expressar livremente o que pensa. Talvez por isso possa parecer controverso que um documento tão especifico tenha tamanha importância. Porém, uma análise menos superficial demonstra que a riqueza do manuscrito reside exatamente em sua particularidade, sendo um riquíssimo retrato do holocausto sob ângulos pouco explorados.

A parte inicial do diário relata um pouco da vida de Anne, um mês antes de sua família se esconder no “Anexo Secreto”. Mesmo em situações simples é visível o peso do momento histórico afetando diretamente a vida de pessoas comuns. Pessoas comuns com apenas uma peculiaridade: eram judeus. Ao contrário do que muitos pensam, as condições desumanas não se restringiam aos campos de concentração, uma vez que o cotidiano também era crescentemente sufocado por uma série de decretos anti-semitas. De acordo com Anne, “Você não podia fazer nem isso nem aquilo, mas a vida continuava. Jacque sempre me dizia: ‘Eu não ouso fazer mais nada, porque tenho medo de que não seja permitido’”.

Quando Margot, sua irmã, recebe uma notificação da SS, os Frank perdem a permissão de manter a unidade familiar, sendo este o fator determinante para a migração ao esconderijo. O “Anexo Secreto” se localiza na casa de trás do edifício onde funcionava a empresa de Otto Frank, pai de Anne. Após os Frank vieram a família Van Pels – chamada por Anne de Van Daan – e, posteriormente, o dentista Fritz Pfeffer – citado como Alfred Dussel –.

Anne escreve sobre a complexa convivência dos oito integrantes diante das mais variadas limitações. Até os sons e movimentos dentro do Anexo eram controlados, refletindo um cuidado necessário para não chamar a atenção de vizinhos. A maioria das rotinas e ações eram pautadas antes na conveniência do que na vontade individual de cada um. Outro fator importante foi a ajuda prestada por intermediários como Miep e Bep, que traziam, dentre outros itens, livros e roupas.

O diário apresenta uma perspectiva diferente sobre as leis de Hitler e a Segunda Guerra Mundial. Um exemplo é a reflexão feita por Anne no seguinte trecho: “Os jornais estão cheios de notícias sobre invasão, e deixam todo mundo louco com declarações como: no caso de um inglês desembarcar na Holanda, os alemães farão todo o possível para defender o país, nem que seja preciso inundá-lo. Publicaram mapas da Holanda onde estão marcadas as possíveis áreas de inundação. Como grande parte de Amsterdã está incluída, nossa primeira pergunta foi: o que devemos fazer se a água na rua subir acima da cintura?”.

Também são abordadas diversas questões, como o que se passava com quem era pego pela Gestapo, os bombardeios e a convulsão social crescente. Contudo a maior relevância do manuscrito não está em seu âmbito exterior, mas sim em sua esfera interna. A guerra é citada e tem um grande valor, porém o diferencial é o relato do cotidiano das pessoas no Anexo.

Anne Frank registra o holocausto sob uma ótica única ao descrever algo tangível, capaz de ser compreendido. O diário confere uma dimensão humana sublime, uma vez que os integrantes escolhem viver ao invés de se deixar congelar pelo medo constante ou pela fatalidade da situação. Igualmente interessante é o amadurecimento emocional de Anne, suas irreverentes análises, a esperança no fim da guerra e saída em liberdade do esconderijo. O diário termina numa Terça-Feira, Primeiro de Agosto. Três dias depois um sargeto da SS encontra o Anexo.

Saturday, October 15, 2005

"O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada"


Fofo. O famoso Pato Donald, símbolo do average american cantando “Os quindins de Iaiá”, música de Ary Barroso, em português é encantador. Com certeza as crianças da década de 40 que assistiram The Three Caballeros (EUA-1945) deram boas risadas com Gauchito e seu burrinho voador e com Pablo, pingüim de sangue frio. O que os pequerruchos provavelmente ignoravam era que a película fora encomendada aos estúdios Disney, como parte de uma estratégia estadunidense muito bem definida que contava com a coordenação de uma agência do governo, a CIAA (Office of the Coordinator of Inter-American Affairs), comandada por Nelson Rockfeller, filho de célebre magnata do petróleo.

A criação de agências governamentais fazia parte da política de Franklin Delano Roosevelt, democrata eleito após doze anos de hegemonia republicana. A transição da política do Big Stick e suas variantes para a política da Boa Vizinhança, vista como bastante pertinente por especialistas até hoje, era vista como assunto de segurança nacional. Por isso mesmo, o órgão comandado pelo jovem herdeiro era subordinado ao Conselho de Defesa Nacional dos EUA, dada a importância estratégica da América Latina. É importante ressaltar, que embora agora o método fosse a conquista dos “corações e mentes” dos hermanos, os objetivos continuavam os mesmos: manter a liderança norte-americana, encorajar a estabilidade política do continente e minimizar outras influências na região. Segundo Lloyde Gardner, “a Política de Boa Vizinhança resultava em parte do reconhecimento de que os EUA deveriam agir com mais tática em suas relações com vizinhos mais fracos e em parte da percepção de que a intervenção militar na verdade atrapalhava o uso efetivo do poder político e econômico dos EUA”.

A ação da CIAA no Brasil, que concentrava seus esforços nas áreas de informação, saúde e alimentação, sempre em nome da “soliedariedade hemisférica”, passou, a partir do começo dos anos 40 a cooperar com o DIP, que buscava consolidar o regime ditatorial no Brasil. “A intenção de Disney e Rockfeller era oferecer um produto que combinasse entretenimento e valores educativos, ao mesmo tempo em que era veiculada uma imagem do Brasil favorável ao Estado Novo”. O governo brasileiro, que se deparava com opiniões contrárias quanto ao alinhamento aos EUA, acabou se aproveitando da situação e ganhando ajuda no seu projeto de industrialização. O filme em questão foi visto pelas autoridades como um retrato positivo do país. Voltemos a ele.

A aventura começa quando Donald é regalado com vários mimos de seus amigos da América Latina. Logo ao abrir o primeiro deles é informado de que tem mais parentes ao sul do Rio Grande do que há grãos de café no Brasil. São mostradas diversas aves de várias áreas sul-americanas, o que mostra que houve uma preocupação muito grande em apresentar corretamente a região. Noutro deles, é levado à Bahia pelo anfitrião recém criado por Walt Disney após uma viagem ao Rio de Janeiro patrocinada pela CIAA, Zé Carioca. O modo como a cidade de São Salvador é exibida demonstra novamente o interesse na precisão geográfica e arquitetônica. Apesar de todos os esforços, vários estereótipos são reforçados: a de que a vocação dos brasileiros é a diversão, sempre esperando uma oportunidade de parar de trabalhar para divertir-se e/ou à estrangeiros, como parte de sua natureza amigável; a sensualidade das latinas e sua afeição por gringos, o latin lover malandro, entre outros. Aliás, a disputa entre um americano “certinho” e um latino caliente por uma nativa é lugar comum em filmes da época. A ausência de negros não é em si um choque, pois o filme Voando para o Rio (Flyind Down to Rio-EUA-1933) foi o primeiro e único musical de Hollywood passado no Brasil a ter atores de ascendência africana no elenco. A visita ao México guiada por Panchito não é muito diferente; tipos semelhantes são apresentados. Uma curiosidade é que no passeio de sarape mágico aparecem carros circulando por estradas, para contrastar com as belezas naturais; o intercâmbio poderia apenas trazer benefícios (não importa o quão unilateral ele tenha sido na realidade). Em ambas as visitas, Donald é tão cativado pelas moças, que seu amigo Zé chega a dizer que ele é um fast worker em suas investidas, de acordo com a visão de que aquelas são terras onde a paixão predomina sobre a racionalidade.

Não, queridos colegas e demais freqüentadores do blog, não contarei o final da película. Não o faria nem se quisesse. Esta acaba de repente, como se aquela união entre o "cavaleiros" fosse um fim em si, o próprio final feliz de qualquer produção dos estúdios Disney que se preze. Também, com vizinhos encantadores como esses, que objetivos poderiam existir?!? Fofo.


#Citação tirada de: FREIRE-MEDEIROS, Bianca. O Rio de Janeiro que Hollywood Inventou. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed.., 2005

Wednesday, October 12, 2005

“O CADÁVER VIVO”

Ruth Benedict, autora de “The Chrysanthemum and the Sword” (O Crisântemo e a Espada), foi uma antropóloga renomada, contratada pelos Estados Unidos, em 1944, com o objetivo de estudar a cultura japonesa. Naquele tempo, havia um grande dilema em relação ao pós-guerra no Japão: Como reagiriam diante de uma derrota? Outra questão seria qual tipo de governo melhor adequaria os japoneses aos objetivos dos americanos. Através da obra, a autora advoga o seu ponto de vista sobre a postura ética e cultural desse povo tão controverso.

O título da obra, que oferece o contraste entre uma flor e uma arma, pode sugerir uma idéia paradoxal. De fato, reconhecendo que cada cultura é uma lente através da qual as pessoas enxergam o mundo, para os ocidentais, os homens que lutaram até o fim, munidos de bambu; contrastam fortemente com os mesmos que receberam os americanos no pós-guerra com tanta cordialidade, aceitando a derrota sem pestanejar.

Contudo, apreende-se que as motivações japonesas são circunstanciais. Para os desconhecedores da cultura japonesa, várias interpretações podem ser dadas, desde dupla personalidade até hipocrisia. Como a cultura ocidental poderia interpretar prisioneiros de guerra que colaboravam fortemente com os inimigos, sem ter aparentemente algo em troca? Um dito explica essa flexibilidade: “viver como se estivesse morto”.

A tradução americana para esse dizer é “cadáver vivo”, pois ao “pé da letra” é o que realmente significa. Porém, essa afirmativa tem razões mais profundas na vida de um japonês que possui um rígido código ético e o medo constante da desonra. Para eles, guardando dentro de si seus impulsos ou paixões, estão livres da humilhação alheia. Tal humilhação poderia ser fatal, resultando, nos casos mais extremos, no suicídio. O seguro seria viver por atitudes mecanizadas, preestabelecidas por seu rígido código de honra. Através de tais atitudes, seriam aceitos pela sociedade, adquirindo o respeito dos mais próximos, pois, no Japão, a aceitação incide no macro e só depois reflete no micro.

De acordo com a ética japonesa, a aceitação e o respeito pela hierarquia são costumes incontestáveis. Da mesma forma, a reciprocidade, a honra ligada ao nome, os diversos tipos de obrigações, dentre outros. Dessa forma, qualquer desrespeito à essa ética é motivo para uma atitude hostil, uma vingança; de pacíficos tornam-se assustadoramente violentos até igualarem a resposta à agressão sofrida. De expositores de crisântemos e “cadáveres vivos”, apáticos; revivem os Samurais de outro tempo ou transformam-se nos kamikazes da Segunda Guerra.

A mesma honra japonesa pode ser infinitamente briosa e merecedora de reverência. São extremamente leais e honestos, dignos de confiança mesmo nas promessas feitas ao inimigo. Durante muito tempo, empregaram esse mesmo código à política externa, não humilhando os derrotados, a não ser que ofensas graves tenham sido direcionadas ao Japão. Da mesma forma, que após a rendição, aceitam o papel lhes dado pelos EUA, colocam-se no seu lugar.

Através de um raciocínio realista, souberam aproveitar as oportunidades oferecidas, e perseverantes, acreditaram que o seu momento chegaria. E, através dessa atitude tão controversa, reconstruíram seu país, sob a supervisão americana; chegando ao status tecnológico, que podemos comprovar no século XXI. O “cadáver vivo” funcionou como uma tática para que alcançassem o posto dos dias atuais; chegaram a um patamar inimaginável para um país devastado pela guerra e pela bomba atômica.

Sunday, October 02, 2005

"Big Brother is watching you"


O slogan acima, do livro 1984, de George Orwell, sozinho já consegue transmitir um pouco da atmosfera do país fictício narrado no livro. O personagem principal, Winston Smith, e uma considerável parte da população, estão sob rígida vigilância durante a maior parte do tempo: além de existirem televisores em suas casas e em quase todo o lugar, as pessoas são observadas pela Tought Police o tempo todo. Pôsteres gigantes do Big Brother encontram-se espalhados pelas ruas das cidades. As pessoas não são livres nem para pensar. Em Oceania, não há liberdade de expressão, e sim uma subordinação total e completa ao Estado ( ao Partido), que tem como seu representante máximo a figura do Big Brother.

Apesar de ter sido escrita em 1949, o próprio título da obra remete a um futuro próximo, durante o qual o autor descreve três superpotências que estão freqüentemente em guerra entre si. Em Oceania, que é uma delas, o slogan “War is peace” é largamente utilizado e a população em geral é instigada a apoiar a guerra, mesmo que muitas vezes nem se lembrem mais qual é o inimigo real de Oceania. A explicação que se dá para isso é que uma guerra permanente é realizada para se manter uma paz permanente. Além disso, qualquer ação pode ser interpretada como uma traição ao Partido, e até mesmo crianças são instigadas a denunciar qualquer suspeito. Nesse sentido, partindo do pressuposto de que qualquer coisa pode ser considerada um crime, é instituído o termo “toughtcrime”, que caracteriza um crime não menos importante do que os outros: o de ter pensamentos que possam ir de encontro à ideologia do Partido. Daí a função da Tought Police: a de procurar encontrar dissidentes que cometam o toughtcrime e é responsável por fazê-los simplesmente desaparecer. Dessa forma, a sociedade perde o acesso ao seu pensamento crítico. Espelhados na figura do líder, a postura que se tem é a de passividade, e não de reflexão. É a de responder apenas, reagir a estímulos, que são dados pelo Partido.

É possível traçar um paralelo da realidade narrada no livro com os regimes totalitários. O culto ao líder como autoridade única e absoluta, a subordinação total e completa ao Partido, e a própria alienação do indivíduo e sua anulação em função do coletivo, ( o que pode ser percebido com a supressão da liberdade de expressão e pensamento) são componentes em comum entre a realidade do livro e aquela que vigorou nos regimes totalitários. Além disso, a participação popular também era estimulada no sentido de que havia a crença em um inimigo do Partido: o chamado Brotherhood, que de fato, não teve sua existência comprovada até o fim da trama. Contudo, a função básica para a suposta existência do Brotherhood é o fato de que esse constituía uma ameaça ao Partido. Dessa forma, esse seria mais um estímulo para o apoio popular ao mesmo. Análises e relatórios freqüentes mostravam o ‘progresso” que havia ocorrido em Oceania até então, que não era verdadeiro, mas servia também como incentivo de apoio ao Partido. Por fim, a severa censura a qualquer meio de informação tornava impossível se ter acesso a qualquer tipo de informação contrária à doutrina do Partido e é também responsável pela criação de uma uniformidade de opinião. A verdade passa a ser a vontade do Partido, que a controla. Todas essas variáveis consistiam em mecanismos para garantir o objetivo desse, que era o de se manter no poder através da manipulação das massas.

Exemplos concretos das semelhanças citadas acima são: a paranóia generalizada criada em relação a espiões ( o temor ao inimigo) durante a hegemonia stalinista na Rússia, a lavagem cerebral ideológica realizada nesse período, o fanatismo político e a repressão política, associados com a idéia do progresso, da produção observada: combinações eficientes e perigosas, que passavam a impressão de que o Partido ( centrado na figura de Stalin, o Grande Pai da Rússia) era de fato digno de ser venerado. Nesse sentido, 1984 de George Orwell aparenta não ser uma obra tão fictícia assim, ou, pelo menos, talvez a ficção mais próxima da realidade que estaria por vir já escrita. Além de constituir uma crítica aos regimes totalitários em geral, a renomada obra pode ser aproveitada, também, em alguns aspectos, para nossa realidade atual.

“Você deve se tornar Caligari”

O Gabinete do Dr. Caligari é o primeiro filme do expressionismo alemão e uma das manifestações artísticas mais celebrada da República de Weimar. Depois de uma ampla campanha publicitária, que acabou com o enigmático cartaz “Você deve se tornar Caligari”, foi lançado em fevereiro de 1920 em Berlim. Cineastas e historiadores defendem que o filme, com sua atmosfera obscura e seu enredo de horror, exemplifica o espírito de Weimar.

A história se passa em uma fictícia cidade alemã, onde chega um parque de diversões que tem como uma de suas atrações o Dr. Caligari e seu sonâmbulo Cesare. Para conseguir licença para o show, Caligari vai à prefeitura, onde é tratado com arrogância por um funcionário, que é encontrado morto no dia seguinte. Os estudantes Francis e Alan assistem a exibição de Caligari, que diz a platéia que Cesare pode prever o futuro. Alan então pergunta por quanto tempo irá viver. “Até o amanhecer” responde Cesare. De fato, o estudante é assassinado, da mesma maneira que o funcionário da prefeitura. Francis então passa a suspeitar de Caligari e vai até o seu trailer, onde vê o que parece ser Cesare adormecido em uma caixa. Porém, o sonâmbulo se encontrava na casa de Jane, namorada de Francis, tentando raptá-la. A polícia descobre que existia um boneco na caixa vista por Francis e torna-se óbvio que Cesare cometia os crimes segundo ordens de seu mestre, que despista a polícia e se refugia em um asilo de loucos. Francis e a polícia descobrem que o hipnotista é o diretor do manicômio e, ao examinarem suas anotações, encontram referências a um saltimbanco chamado Dr. Caligari, que havia induzido seu médium a cometer crimes. Os registros clínicos do diretor comprovam que ele estava fazendo o mesmo com um de seus pacientes. Quando Francis tenta obter uma confissão do ocorrido, o diretor descontrola-se e só é contido após ser colocado em uma camisa de força.

Assim, Hans Janowitz e Carl Mayer, autores de O Gabinete do Dr. Caligari, fazem um filme contra a obediência militar. O personagem Caligari personifica uma autoridade ilimitada que idolatra o poder e que, na busca obsessiva pelo mesmo, se revela brutal e insana, violando direitos e valores humanos. Cesare, por sua vez, representa os homens que são treinados para matar e morrer sob a pressão do serviço militar obrigatório.

Contudo, o filme não foi exibido dessa maneira. Ao aceitar dirigi-lo, Robert Wiene modificou a história original, tornando os assassinatos cometidos pelo diretor do manicômio em um delírio da mente de Francis, um dos loucos lá internados. “Um filme revolucionário foi assim transformado em um filme conformista”*. Ao contrário da original, a versão modificada valoriza a autoridade e condena seus opositores a loucura.

Questiona-se,entretanto, se a idéia original seria facilmente compreendida pelo grande público. A única alternativa proposta à tirania seria a anarquia, representada pela atividade desordenada do parque de diversões. A falha na mensagem revolucionária está na incapacidade dos autores de imaginar os contornos de uma tão sonhada liberdade, o que fica evidente na escolha do parque para representá-la. Por outro lado, o parque reflete a situação caótica da Alemanha no pós-guerra: um país arruinado e devastado pela guerra e imerso em intensa agitação política, o que se evidencia pela proclamação da República na Baviera, um decreto anunciando a abdicação do kaiser (que foge para a Holanda), manifestações de grupos conservadores contrários à República e divergências internas entre os socialistas. O Partido Social- Democrata era majoritário, mas a postura de discursar como revolucionário e agir como parlamentarista provocou conflitos internos e a formação do Partido Social-Democrata Independente pelos membros dissidentes. A eles se uniram revolucionários marxistas mais radicais, os Espartacistas.

A versão de Weine também é mais consistente com a atitude da maioria do povo alemão após a guerra, que tendia a se distanciar do mundo externo e mergulhar em seus conflitos interiores. Sendo fruto da imaginação de um louco, a derrota de Caligari passa a ser uma experiência psicológica e assim o filme sugere que, ao se voltarem para si mesmos, os alemães são impulsionados a reconsiderar sua crença na autoridade. Esse comportamento foi adotado pela maioria dos social-democratas, que se afastaram das ações revolucionárias. A aliança feita, no primeiro ano de Weimar, pelo grupo que subiu ao poder na Alemanha com o general Groener é um exemplo disso. O exército foi posto à disposição da República em troca da manutenção da ordem e da disciplina do mesmo, estando esse disposto a lutar contra o Bolchevismo e esperando que o governo quisesse o mesmo. Apesar de Groener ser considerado moderado, o acordo abriu uma porta para a entrada do exército no poder e criou oportunidades para tipos mais radicais do que Groener. Os militares foram aos poucos ressurgindo como um fator político. “ O filme reflete este duplo aspecto da vida alemã, ao acoplar uma realidade na qual a autoridade de Caligari triunfa, a uma alucinação em que essa mesma autoridade é derrubada.”*

Ambas as versões refletem o pensamento confuso dos expressionistas e sua frustração com a realidade. “Intencionalmente ou não, Caligari expõe a alma se movimentando entre a tirania e o caos, e enfrentando uma situação desesperada: qualquer fuga da tirania parece jogá-lo num estado de confusão absoluta”. *


*Citações:
Kracauer, Siegfried. “De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão” (1947) 78-92

Saturday, October 01, 2005

Bodas de Sangue: a Guerra Civil Espanhola e o fuzilamento de García Lorca.

Em 19 de agosto de 1936, a Falange de Francisco Franco prosseguia seu trabalho de perseguição à Frente Popular republicana. Aqueles não envolvidos nas conspirações e nas trocas de balas continuavam suas vidas, como ainda era possível naqueles primeiros meses de disputa entre legalistas e nacionalistas. Todos não viam (e talvez nem mesmo tentassem), entretanto, que aquele era o mais diferente dos dias normais de conflito. Ao Sul, escondida sob a cortina de chumbo, a Andaluzia soluçava o fuzilamento de seu mais fiel amante: o poeta e dramaturgo Federico García Lorca. Tempos antes das primeiras ações da Legião Condor (esquadrão de bombardeio e de combate financiado por Adolf Hitler) e da destruição de Guernica, a Guerra Civil Espanhola expunha sua intenção de extirpar da Espanha não apenas a integridade de seu governo eleito, mas também sua identidade e seu sentimento.

A vitimação de Lorca, no entanto, jamais foi uma coincidência política ou uma mera parte do conflito. Essencialmente apolítico, o escritor de Fuentevaqueros tinha como única contribuição para os republicanos a assinatura de obras para o grupo teatral de esquerda "La Barraca", ainda no início dos anos 1930. O perigo potencial que ele representava às aspirações moralizantes da Falange ultracatólica de Franco, no entanto, não passava despercebido a qualquer leitor atento de sua poesia, em especial o "Llanto por Ignacio Sanchez Mejías" (em homenagem ao grande toureiro e amigo, morto na arena) e a "Ode a Salvador Dalí" (expressão de um amor exacerbado pelo pintor e também amigo). Lorca era notoriamente um nome que tentava reformar uma Espanha ainda castelista e tradicional, e, além de dar voz a elementos não ouvidos anteriormente (como os ciganos da Andaluzia), insistia em se associar aos malvistos surrealistas e em manter relacionamentos homossexuais. Além disso, dedicara, ainda na década de 1920, à Guarda Civil, instituição militar tradicional espanhola, um raivoso poema, "Romance de la Guardia Civil Española", em que reavaliava o efeito que o chumbo e as cartucheiras dos "cavaleiros da morte" gerava na vida dos cidadãos marginais. Federico García Lorca, portanto, era um elemento alógeno ao tipo de regime que a extrema direita gostaria de implementar, e, muito por isso, acabou por transformado no mártir político que, fundamentalmente, jamais fora.

Ao contrário do que talvez previssem seus assassinos, todavia – apesar de, segundo alguns, o General Franco ter apreendido logo de início o real significado –, a interrupção da vida e da carreira de García Lorca foi capaz apenas de intensificar a admiração que ele gerava nos revolucionários e de acelerar sua transformação no autor de maior destaque da história da Espanha do século XX. A este respeito, percebem-se o esforço de publicação póstuma de "Poemas de Nueva York" (coletânea de poemas e de impressões coletados à época dos estudos de Lorca em Columbia), em 1940, e a emergência de diversos comentários e alusões a sua obra. O poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, documentou sua admiração em "A Federico García Lorca". O diretor Pedro Almodóvar, um expoente da nova contracultura espanhola surgida com o fim da ditadura franquista, por sua vez, remeteu brevemente ao modernismo e à contestação que ele herdou de Lorca, ao colocar uma recriação do "La Barraca" como um dos panos de fundo da "Mala Educación" de seu próprio Ignacio. Dado o reconhecimento que Lorca permanece tendo, quase 70 anos desde sua morte, parecem fazer sentido, mais do que nunca, os célebres versos de seu "Memento", de 1921: "Quando eu morrer, com minha guitarra enterrai-me, sob a areia/Quando eu morrer, enterrai-me num cata-vento. Quando eu morrer!" Sua obra, de tão viva, passa a impressão de jamais ter sido abafada.


Romance de la Guardia Civil Española

Los caballos negros son.
Las herraduras son negras.
Sobre las capas relucen
manchas de tinta y de cera.
Tienen, por eso no lloran,
de plomo las calaveras.
Con el alma de charol
vienen por la carretera.
Jorobados y nocturnos,
por donde animan ordenan
silencios de goma oscura
y miedos de fina arena.
Pasan, si quieren pasar,
y ocultan en la cabeza
una vaga astronomía
de pistolas inconcretas.

¡Oh ciudad de los gitanos!
En las esquinas, banderas.
La luna y la calabaza
con las guindas se conserva.
¡Oh ciudad de los gitanos!
Ciudad de dolor y almizcle,
con las torres de canela.

Cuando llegaba la noche,
noche que noche nochera,
los gitanos en sus fraguas
forjaban soles y flechas.
Un caballo malherido
llamaba a todas las puertas.
Gallos de vidrio cantaban
por Jerez de la Frontera.
El viento, vuelve desnudo
la esquina de la sorpresa,
en la noche platinoche,
noche, que noche nochera.

La Virgen y San José
perdieron sus castañuelas,
y buscan a los gitanos
para ver si las encuentran.
La Virgen viene vestida
con un traje de alcaldesa,
de papel de chocolate
con los collares de almendras.
San José mueve los brazos
bajo una capa de seda.
Detrás va Pedro Domecq
con tres sultanes de Persia.
La media luna soñaba
un éxtasis de cigüeña.
Estandartes y faroles
invaden las azoteas.
Por los espejos sollozan
bailarinas sin caderas.
Agua y sombra, sombra y agua
por Jerez de la Frontera.

¡Oh ciudad de los gitanos!
En las esquinas, banderas.
Apaga tus verdes luces
que viene la benemérita
¡Oh ciudad de los gitanos!
¿Quién te vio y no te recuerda?
Dejadla lejos del mar,
sin peines para sus crenchas.

Avanzan de dos en fondo
a la ciudad de la fiesta.
Un rumor de siemprevivas
invade las cartucheras.
Avanzan de dos en fondo.
Doble nocturno de tela.
El cielo se les antoja
una vitrina de espuelas.

La ciudad, libre de miedo,
multiplicaba sus puertas.
Cuarenta guardias civiles
entraron a saco por ellas.
Los relojes se pararon,
y el coñac de las botellas
se disfrazó de noviembre
para no infundir sospechas.
Un vuelo de gritos largos
se levantó en las veletas.
Los sables cortan las brisas
que los cascos atropellan.
Por las calles de penumbra
huyen las gitanas viejas
con los caballos dormidos
ylas orzas de moneda.
Por las calles empinadas
suben las capas siniestras,
dejando detrás fugaces
remolinos de tijeras.

En el portal de Belén
los gitanos se congregan.
San José, lleno de heridas,
amortaja a una doncella.
Tercos fusiles agudos
por toda la noche suenan.
La Virgen cura a los niños
con salivilla de estrella.
Pero la guardia civil
avanza sembrando hogueras,
donde joven y desnuda
la imaginación se quema.
Rosa la de los Camborios
gime sentada en su puerta
con sus dos pechos cortados
puestos en una bandeja.
Y otras muchachas corrían
perseguidas por sus trenzas;
en un aire donde estallan
rosas de pólvora negra.
Cuando todos los tejados
eran surcos en la tierra,
el alba meció sus hombros
en largo perfil de piedra.

¡Oh ciudad de los gitanos!
La guardia civil se aleja
por un túnel de silencio
mientras las llamas te cercan.

¡Oh ciudad de los gitanos!
¿Quién te vio y no te recuerda?
Que te busquen en mi frente.
Juego de luna y arena.

A ascensão de um império


A trajetória de uma grande organização criminosa e de uns dos maiores impérios do mundo é contada na trilogia de “O Poderoso Chefão”. O filme que começa no casamento de sua filha Connie mostra a extensão do poder do chefe da máfia. Segundo a tradição siciliana o pai da noiva não pode recusar nada do dia do casamento por isso Don Corleone é assediado por várias pessoas, pedindo que o padrinho interceda por elas. Essa relação de apadrinhamento é típica da máfia, graças as suas influencias Don Corleone consegue empregos, realiza os sonhos, é uma verdadeira porta da esperança. A presença dessa relação familiar de apadrinhamento tão atípica na sociedade norte americana mostra como os imigrantes italianos preservam suas tradições e caracteriza uma não integração dos italianos com a América. Essa integração é bem evidenciada por Michael Corleone que quando jovem se comporta muito mais como um americano, renegando os assuntos da “família”. Somente quando seu pai quase morre num atentado é que ele entra nos negócios familiares o que ocorre definitivamente com a morte de Sonny.

Com a subida de Michael mostrada no fim do primeiro filme e continuada nos posteriores a máfia cresce e se consolida. No dia da primeira comunhão do seu filho, o mesmo cenário de romaria por pedidos, favores que ocorreu com o casamento de sua irmã se repete. Michael faz negócios com os políticos, demonstrando uma corrupção do poder legislativo e até do judiciário. Quando o senador americano diz que não gosta dos mafiosos, mas somente faz negócios com os “italianos” demonstra uma mentalidade de exclusão dos nortes americanos. Apesar de Michael ser americano ele não é percebido como tal. A sua ida, voluntária, para a Segunda Guerra Mundial lutar como soldado pelos EUA e sua tentativa de legalização dos negócios mostra uma constate tentativa de ser afirmar como um cidadão norte americano. A própria máfia pode ser concebida por essa discriminação do estrangeiro nos EUA. A cultura americana é segregacionista, a não incorporação dos imigrantes, a guetificaçao deles é constante. Os italianos, assim como os outros estrangeiros, diante dessa rejeição encontram na máfia, uma forma de se integrar, ou pelos menos, criar uma sociedade à parte, que os protegesse. A máfia é de certa forma uma grande família e um maneira de preserva-la .

O surgimento da organização de Vito Corleone é retratada no segundo filme o qual narra a sua trajetória. A sua vinda para a América é mostrada juntamente com a de vários imigrantes italianos em busca do sonho americano, construído no início do século. Sua ida para os EUA é na verdade uma fuga da Itália onde perde toda a família, chegando até presenciar a morte de sua mãe, pela máfia. Já na América constrói seus negócios mafiosos quase que por acaso, criando um império que teria como sucessor seu filho Sonny. O início da relação de Vito Corleone com a máfia ocorre quando ele esconde um pacote com armas por acaso e sua casa e por causa disso, acaba participando de um assalto o qual vai iludido acreditando que estava indo pegar um presente em retribuição. E dessa forma, Vito começa a fazer assaltos, os bons resultados começam a se espalhar até que Don Fanucci exige parte do espólio dos assaltos, Vito revoltado mata o chefe da máfia. Mais uma vez, ele que mata Dom Fanucci pelo ódio que tem com a exploração feita pelo mafiosos aos imigrantes italianos, e assim vira o novo chefe da organização. Seus negócios, mascarados como uma importadora de azeite, vão crescendo marcando um paralelo com a história de crescimento e progresso norte americana e Don vito vai ser tornando popular devido aos seus favores. Com a lei seca, a máfia passou a agir no contrabando de bebidas. Com Michael no poder da “família” os cassinos viram o alvo dos negócios.

No último filme da trilogia, Michael consegue enfim legalizar seus negócios. Ele passa a fazer transações comerciais com o Vaticano atuando num dos maiores conglomerados mundiais. O filme começa com a generosa doação que Michael faz a igreja e por isso recebe uma homenagem. Com isso, ele consegue acabar com seu estigma e ser visto como um americano, como a concretização do sonho americano, um self made man por vias tortas, mas ainda sim um vencedor americano. Porém, ao se deparar com as negociatas escusas num mundo coorporativo ele se desilude. Com as disputas de poder entre as diversas máfias Michael acaba tendo que se voltar aos seus antigos métodos com a ajuda de seu sobrinho para resolver toda a questão. Mesmo conseguindo tudo o que quer o preço acaba sendo caro demais com a morte de sua filha num atentado contra ele. A máfia foi uma clara tentativa de levar uma organização tipicamente familiar para a sociedade competitiva norte americana, numa busca pela preservação dos imigrantes que encontraram na América trabalho, mas não uma inclusão social.